Sentimento de injustiça e impotência deixa a população desiludida e com medo
A população tem feito reiteradas manifestações contra as cortes superiores
A justiça é uma referência para o ser humano em muitos aspectos da vida.
Não se trata apenas de um código, de livros ou de uma Constituição Federal como
a nossa; antes, é um conceito amplo, regido por padrões éticos e morais que
alimentam, aí sim, a produção de conhecimento jurídico, o qual materializa a
visão de mundo de um povo.
Quando a justiça deixa de existir ou passa a existir de modo falho,
consequentemente o povo que depende dela para nortear as suas ações também
sofre. Vemos isso, por exemplo, em regiões onde a corrupção domina a vida
pública e onde a criminalidade existe de tal modo que as forças de segurança
não são capazes de proteger a população.
O que a população sente nessas situações é um profundo
sentimento de injustiça e impotência. O cidadão que se vê injustiçado por, por
exemplo, não ver seus direitos garantidos pelas autoridades torna-se alguém
desacreditado em sua própria sociedade e em seus governantes.
Essa opinião não é só minha. Ela é compartilhada por juristas
renomados que dispensam comentários, assim como por analistas políticos e por
intelectuais. No tocante a mim, interpreto a situação pelas lentes da
psicologia social, e ela me diz que grupos populacionais que se sentem
coletivamente desamparados se tornam mais suscetíveis a uma dessas duas
reações: desordem generalizada ou servidão total.
Devemos, portanto, ficar
em alerta quanto aos sinais que estamos vendo surgir no Brasil. A sensação
generalizada de injustiça e tirania – partindo das mais altas cortes e
provocando angustia e medo em boa parte da população – não é algo que deva ser
visto como normal. Muito pelo contrário; é algo para ser discutido e encarado
como um grave problema de possível adoecimento da nossa democracia.
Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é
pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação
para Magistério Superior.
Fonte: pleno.news/
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