O cristão e a ansiedade: como lidar com algo aparentemente fora de controle?
Meu objetivo hoje é abordar pontualmente o problema da ansiedade sob uma perspectiva cristã.
Um dos problemas mais comuns de ordem emocional que temos atualmente é a
ansiedade. Lado à depressão, esse é um dos quadros mais frequentes na clínica
psicológica, motivo pelo qual a igreja de Cristo também deve estar consciente
da sua existência, potenciais causas e modos de tratamento, visto que o cristão
também está sujeito a sofrer por esse mal.
O meu objetivo hoje é abordar pontualmente o problema da ansiedade sob
uma perspectiva cristã, o que não significa desconexão com o mundo da
psicologia. Contudo, para nós cristãos, todos os dilemas da vida humana,
especialmente os de ordem emocional, devem passar pelo crivo das Escrituras
Sagradas, pois se cremos que ela é suficientemente verdadeira, inerrante e
"luz para os nossos caminhos" (Salmo 119:105), então esta é a nossa
primeira e maior fonte de consultas.
Sendo assim, de forma objetiva, a Bíblia indica em inúmeras
passagens que a ansiedade também pode ser o resultado direto da nossa
dificuldade em conseguir entregar nas mãos de Deus todos os nossos temores,
incertezas, falta de conhecimento e segurança nas circunstâncias da vida.
Aparentemente, isso ocorre porque sempre queremos ter o pleno
conhecimento e a sensação de domínio sobre os fatos. A ansiedade, portanto,
parece surgir quando nos vemos perdidos nessa situação. É quando as incertezas
tomam conta dos nossos pensamentos ao ponto de nos fazer temer o amanhã, o
depois, o "e se...".
Esta sensação de não ter o domínio, ou de não saber nem mesmo o
motivo pelo qual estamos ansiosos, é o que nos traz o medo, a angústia, por
vezes a desesperança e até a raiva. Há situações em que identificamos o motivo
exato da ansiedade; um emprego sob risco; um tratamento de saúde e seus
potenciais resultados; uma prova de concurso ou vestibular; o sim ou não de um
relacionamento amoroso.
Em outros casos, porém, a ansiedade surge aparentemente sem
causa. Esta parece mais estranha e angustiante, pois é
"inexplicável". Mas a verdade é que sempre há uma causa, uma origem.
O bom para nós, cristãos, é sabermos que independentemente da sua origem, à luz
da Palavra de Deus toda forma de ansiedade pode ser ‘tratada’ sob os pés de
Cristo. É um exercício de fé, mas também emocional.
De fé, porque primeiramente precisamos reconhecer que Jesus
possui a soberania absoluta sobre tudo o que acontece em nossa vida. E
emocional, porque não basta apenas reconhecer isso; precisamos deixar com que
esse entendimento tome conta dos nossos pensamentos ao ponto de que ele passe a
gerar frutos emocionais.
É aqui onde ganha sentido a lição de Provérbios 4:23, que diz:
"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida." Assim como a de Filipenses 4:6-7, que diz:
"Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os
vossos pensamentos em Cristo Jesus."
Essas duas passagens estão amparadas nas palavras do próprio
Jesus ao chamar para si os "cansados e oprimidos". A ansiedade oprime
e também cansa. Guardar o coração das coisas ruins que nos provocam a
ansiedade, lançando elas sobre Cristo, significa apresentar as nossas petições
a Deus "pela oração e súplica, com ação de graças", de modo que o
nosso pensamento seja deslocado para a confiança na providência divina.
É o que ensina também 1 Pedro 5:6-7: "Humilhai-vos, pois,
debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre
ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós."
Em outras palavras, quando nos colocamos debaixo da autoridade
de Deus ("humilhai-vos"), reconhecendo que nada escapa das suas mãos
e que por isso podemos confiar, mesmo perante o desconhecido, aos resultados
incertos e às dúvidas, então conseguimos descansar. O descanso vem e a
ansiedade vai embora porque conseguimos depositar o nosso pensamento em Deus, e
não nos temores; na sua soberania e não em nossas limitações!
A fé, então, passa a gerar frutos quando exercitamos o nosso
emocional no sentido de deslocar os pensamentos ruins para a confiança na
providência de Deus, não conforme os resultados que esperamos, necessariamente,
mas de acordo o que Ele permite ocorrer, visto que a sua vontade é sempre a
melhor. Esse é o nosso lugar de pleno descanso.
Portanto, se você é alguém que sofre com a ansiedade, reflita
sobre isso, ou se preciso busque ajuda. A Palavra de Deus e a caminhada com os
irmãos na fé, na igreja, são as nossas fontes primárias de consulta e
tratamento, mas nada disso exclui a possibilidade de você precisar, também, de
auxílio psicológico. Fé e treinamento emocional não se excluem, desde que
corretamente orientados.
Por Marisa
Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos,
presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas
Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias
em Perigo".
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