O que significa apostatar da fé segundo a Bíblia?
Um apóstata que se afastou de Jesus nunca mais voltará.
O apóstolo Paulo nos alerta expressamente que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé. Mas o que significa apostatar da fé? O que a Bíblia diz sobre isto?
Eu sei que este é um tema forte, mas nem por isso devemos nos
esquivar dele, você concorda? Se Jesus disse que o povo dele se perde por falta
de conhecimento, isso também significa que quando o povo busca conhecimento,
não se perde. Que tal?
Então,
vamos lá… o nosso estudo se baseia no capítulo 6 de Hebreus, do verso 4 ao 6,
onde diz: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e
provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e
provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século
futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim
quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”.
I – O que é um apóstata?
Um apóstata é alguém que experimentou a plenitude de benesses ou bênçãos: materiais, intelectuais, emocionais, e espirituais de Deus, mas nunca quis o Senhor da bênção. Na verdade, ela sempre esteve congregando em uma igreja, por exemplo, “de olho na bênção”. Daí, um dia ela decide caminhar para longe de Deus, e da casa dele, para nunca mais voltar. No verso 4, o autor de Hebreus começa a construção do argumento dele com um adjetivo. Ele diz: “Impossível”. E ele repete esse mesmo adjetivo no verso 6. Inclusive, neste verso, ele usa uma ilustração gritante para exemplificar o que ele está querendo dizer com “impossível”. Ele fala que “um apóstata se reconciliar com Deus é tão possível quanto Jesus morrer na cruz novamente”. Ou seja, sem chance. Por quê? É isso que a gente vai examinar agora.
Antes de mais nada, é
importante aliviar o coração de pessoas que estão lendo este texto e que têm
familiares e amigos cristãos desviados. Fiquem tranquilos. Existe uma diferença
abismal entre um cristão desviado e um apóstata. Um cristão desviado é alguém
que confessou Jesus como Senhor, se desvia do caminho dele por um tempo, e
depois volta; já um apóstata, nunca vai voltar. Por conta de algumas barreiras
intransponíveis. Que barreiras são essas? Para chegar à essa resposta, a gente
vai precisar responder à uma pergunta:
II – Quais os traços do perfil do apóstata?
O autor de Hebreus apresenta 4 marcas de um apóstata, e essas 4
marcas explicam a razão porque é impossível ao apóstata se reconciliar com
Deus.
O verso 4 diz:
“Aqueles que um vez foram iluminados” (e ainda assim rejeitaram a Jesus) –
pessoas que haviam recebido instrução na verdade bíblica. Em outras palavras,
pessoas que entenderam e absorveram o evangelho de forma exclusivamente
intelectual. Eu pergunto: entender o evangelho equivale a ser regenerado,
equivale a ser salvo? (Hb 10:26). Em João 1:9 fica claro que receber iluminação intensa de
esclarecimento intelectual não produz necessariamente salvação; só aumenta a
responsabilidade de quem rejeita a verdade. A vinda de Jesus foi a incorporação
da luz; ou melhor, esclarecimento em intensidade máxima. E ainda que muitos
entendam o evangelho de Jesus claramente, rejeitam a salvação. Eu vou usar um
exemplo para ilustrar o meu ponto, certa vez, durante um culto realizado no
pátio do privé de uma irmã da igreja, um dos nossos evangelistas levou uma mensagem
evangelística para o grupo. No decorrer da mensagem, o evangelista fez muitas
perguntas para incitar a participação das pessoas. E um fato curioso é que um
homem não-cristão era quem sempre se voluntariava para responder praticamente
todas as perguntas (e ele acertou todas as respostas!) O que isso quer dizer?
Que ele entende a mensagem da Cruz. No entanto, no fim do culto, o evangelista
faz o apelo e o homem não se converte. Esse homem é a prova viva de que
entendimento não é equivalente à conversão.
Repare que o texto
caracteriza apóstatas como pessoas que não somente foram iluminadas
intelectualmente, mas também experimentaram outros fatores combinados à
iluminação. Como por exemplo, ainda no verso 4: “e provaram o dom celestial” (e
ainda assim rejeitaram a Jesus) – no sentido figurado “provar”, no Novo
Testamento significa experimentar algo de modo consciente. Mas é muito
importante entender que a experiência poderia ser momentânea ou contínua. Dê
uma olhada no que diz o capítulo 2, verso 9 de Hebreus. Aqui a “prova” que a
experiência que Jesus teve foi obviamente momentânea, e não contínua, nem
permanente. Agora, deixe eu fazer uma pergunta: quantas pessoas do mundo, ou
que classes de pessoas do mundo provam a bondade de Deus? Todas. Isso significa
que todas são salvas? Claro que não. Muitos judeus, durante o ministério
terreno de Jesus, experimentaram as bênçãos do céu que ele trouxe. Você pode
citar alguns exemplos? Curas, libertações de possessões, alimentos
criados de forma milagrosa. Se o dom ao qual o autor está se referindo aqui é a
bênção de Deus, então, não é equivalente a ser salvo. E se o dom ao qual o
autor está se referindo é o Espírito Santo, também não é equivalente a ser
salvo. Calma, eu explico. Volte a sua Bíblia para Jo 16:8, onde diz: “Quando o Espírito Santo vier, convencerá o mundo
do pecado, da justiça e do juízo”. Agora, responda: todas as pessoas do mundo
vão ser salvas? Não, não serão. Então, porque Jesus disse: “Ele convencerá o
mundo?” Jesus está usando uma figura de linguagem chamada sinédoque. Uma
sinédoque é quando você faz uma referência geral, na intenção de se referir a
algo em particular. Por exemplo, imagine que você está comendo uma fatia de
pizza e você diz: “Essa pizza tá uma delícia!” Na verdade, você se referiu à
fatia, mesmo tendo usado a palavra pizza. A isso, a gramática chama de
sinédoque; ou seja, usar uma parte para representar um todo; ou vice-versa. A
outra explicação para Jesus ter usado essa construção de palavras na fala dele
é porque a palavra “convencerá” no original grego tem dois significados:
primeiro, “condenar, para que uma sentença seja pronunciada”; e segundo,
“convencer alguém da necessidade de um salvador”. Dizendo de outra maneira, o
Espírito Santo, não veio para conseguir convencer todos em geral, mas somente
aqueles que irão dizer sim a Jesus. Isso significa que o Espírito Santo, vai
ouvir o “não” de algumas pessoas. Assim como Jesus ouviu do jovem rico.
Lamentavelmente.
A terceira
marca de um apóstata é uma pessoa que, como diz no verso 4: “se tornou
participante do Espírito Santo” (e ainda assim, rejeitou a Jesus) – aqui o
autor de Hebreus faz referência a pessoas que participaram no ministério de milagres
de Jesus realizados pelo poder do Espírito Santo, como em Lc 4:14,18.
A referência também diz respeito a pessoas que participaram no ministério de convencimento do Espírito Santo, que obviamente, pode ser resistido sem que haja a experiência de salvação (At 7:51).
Por fim, a
quarta marca de um apóstata está no verso 5 e 6: “Provaram a boa palavra de
Deus e os poderes no mundo vindouro, e caíram…” (a melhor tradução para
“caíram” é “apostataram”, porque “caíram” dá a entender que alguém pode “cair
da salvação”, ou “perder a salvação”. Isso seria um contra-senso. Seria o mesmo
que dizer que a mão de Jesus não é forte o bastante para nos manter seguros
nele – Jo 10:28-29). Quanto aos apóstatas, de quem o autor de
Hebreus está falando, são os que apesar de terem ouvido e visto Jesus agir em
pleno poder, ainda assim, o rejeitaram como salvador (Jo 6:60-66).
2 Tm 2:17 dá um exemplo
de dois homens que apostaram da fé. Aqui, Paulo alerta para o prejuízo que eles
podem causar, não só a eles mesmos, como a outros. Escute o que Paulo diz:
“Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem
Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição
já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.”
Himeneu e Fileto, são contemporâneos do apóstolo Paulo e são
categorizados por ele como apóstatas, blasfemadores falastrões. Ensinavam que a
ressurreição é simbólica, e que não vai haver ressureição literal no futuro.
Com essa conversa mole eles enganaram alguns cristãos.
Os apóstatas continuam a pleno vapor hoje em dia. Quem começa a
caminhar com Jesus, e, em algum ponto da caminhada, escolhe (conscientemente)
se sujeitar às ideias de qualquer um que ensine uma vírgula contrária ao que a
Bíblia diz, prova ser outro apóstata. Ou seja, nunca foi, de fato, convertido a
Jesus.
Eu quero
concluir este estudo com duas citações: primeiro, uma cotação de Paulo em 1Tm 4:1 (à qual me referi no
início deste artigo): “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos
tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a
ensinos de demônios”. E uma cotação de Jesus, em Jo 10:27, onde ele deixa uma
promessa que nos faz suspirar de alívio: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz;
eu as conheço, e elas me seguem”.
Deus
te abençoe muitíssimo.
Newmar Costa: Bacharel em teologia pela Faculdade Teológica e
Apologética Dr. Walter Martin e mestrando em teologia ministerial pela Carolina
University - Winston-Salem/NC/EUA. Pastor sênior da Igreja Batista Candelária
em Candeias, PE, desde 2016. Escritor - autor do livro: Endireita-te com Deus -
7 Passos para uma Vida Emocional e Espiritual Plena. Casado com Shirley Costa,
e pai do João Gabriel.
Fonte: https://www.gospelprime.com.br/
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