quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Treinar ou curtir? Dá pra fazer os dois? Chegou o período do ano em que corredores sempre entram nesse impasse


Por Breno Perruci / @eaiboracorrer
Final de ano, confraternizações, comilança, bebedeira. Momentos convidativos para os excessos. Mas calma, sem “noias” e traumas, é absolutamente normal, afinal não somos ETs. O que pega para nós corredores amadores é como conciliar com os treinos, planilhas e metas. Esse é o X da questão para nós que estamos sempre ali flutuando entre os “escorregos” da vida social e as privações da rotina de treinamentos. Encontrar o equilíbrio exato e a melhor forma de lidar com esse período acaba sendo a grande busca de todos.
Recentemente me peguei numa situação super comum que até contei no instagram @eaiboracorrer. Pra resumir a conversa, me permiti um final de semana totalmente fora dos padrões e foram três dias comendo de tudo, muito, e bebendo. Resultado, na terça-feira seguinte tava na planilha pra eu fazer meu teste de esforço físico, que é o exame agendado pelo treinador há cada três meses pra avaliar o nível de condicionamento, se houve evolução ou não. Pois bem, o teste consiste em correr 3 quilômetros no limite máximo de esforço, mas quem disse que consegui? Na metade do teste eu parei. Tava inchado, me sentindo pesado, e o cardio não respondia mais. Claro que não tem novidade nenhuma aí, a ciência explica.
“Isso aconteceu porque houve o consumo de alimentos inflamatórios ricos em açúcar e sódio. Isso faz o corpo reter mais água, gera desequilíbrio fisiológico, inclusive no intestino, deixa o corpo inflamado e com as engrenagens bagunçadas. Logicamente o organismo precisa de um tempo maior para se recuperar”, diz Amanda Nascimento, especialista em nutrição esportiva e fisiologista do esporte.
Claro que eu já sabia dessas conseqüências. A ideia aqui é levantar o debate de forma mais aberta, até porque você que está lendo agora, sendo corredor ou não, já deve ter se visto nesse mesmo dilema em algum momento. Para os profissionais da área, o ideal é que nesse período os treinos sejam mais leves, para que os corredores possam curtir, claro que com moderação, e possam entrar o ano seguinte com corpo e alma “arejados”. De qualquer forma, é preciso observar as situações individuais.
“Isso é muito específico de cada um. Depende muito do que o aluno vem fazendo durante o ano. Na maioria das vezes a gente prescreve os treinos sabendo que no final de ano a gente vai dar meio que uma aliviada para que ele passe esse período sem sofrer tanto. Ou seja, dessa forma esses dias não vão afetar tanto porque os próprios treinos não estarão tão fortes. Mas se o aluno tem uma prova alvo próximo aí não tem muito o que fazer. É se regrar no mês de dezembro, deixar os momentos de “off” exclusivamente para a Noite de Natal e reveillon e tentar não exagerar na bebida”, destaca Paulo Rafael, triatleta e professor da CB Sports.
O treinador vai além. Para ele o ideal mesmo é que o esporte traga para as pessoas um estado de não precisar exagerar. “As pessoas que tem o costume de beber todo final de semana, por exemplo, quando entram no esporte muitas vezes acabam mudando isso e quando chegam nesse período de final de ano não mudam tanto mais as suas rotinas. Não que não vão curtir o Natal e o reveillon por serem atletas, não é isso. Mas essas pessoas já estão num ritmo natural de vida em se tratando de alimentação, sono e treinos, que vão saber dosar”, finaliza Paulo.
Como sempre digo, amadores sim, irresponsáveis jamais. Não somos profissionais e não vivemos disso, é verdade. Mas mesmo na condição de amadores nós levamos à sério, nos dedicamos, temos nossos objetivos e buscamos os caminhos pra atingi-los. Claro que cada um é que sabe de si, então que façamos sempre o que nos faz felizes. De qualquer forma, curtindo mais ou menos, treinando mais ou menos, sigamos sempre, correndo.




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