“É tempo de pastorear ovelhas, acima de fazer
política”, lembra Carlito Paes
A pandemia mudará o mundo e a forma como fazemos igreja, pode ser um
tempo de “detox”, afirma pastor
Continuando a nossa série de entrevistas com líderes e pastores de
diversas denominações para entender o momento que estamos vivendo, como a
igreja deve se portar e o que Deus está dizendo ao mundo, conversamos com o
pastor Carlito Paes.
Carlito é
pastor líder da Igreja Batista da Cidade, em São José dos Campos e líder da
Rede Inspire. Casado com Leila Paes, pastora e psicóloga, com quem tem quatro
filhos. É escritor, mestre em teologia e autor de 30 livros, entre eles, “Uma
Igreja Família”.
“O pastor em um
tempo como este, precisa ser mais pastor do que político”, alerta, “ele precisa
ser uma voz que a igreja quer e precisa ouvir. Levando sabedoria, paz e
serenidade”. Para o líder da Igreja da Cidade, é “tempo de pastorear ovelhas” e
que isso “excede a questão presencial e a aglomeração de pessoas”.
O líder faz um
alerta aos pastores que cuidem com o “jogo político” e diz que “não temos todos
os detalhes para ficar dando opinião pública! A política partidária vai
continuar fazendo o jogo, mas nós temos que manter nosso coração e cuidar da
nossa alma nesse tempo de ânimos acirrados”, ensina.
“O político não
vai fazer o papel do pastor, por que nós pastores devemos ficar fazendo o jogo
da política?”, questiona.
“Precisamos orar para que o governo, profissionais da saúde e
empresários façam sua parte”, e, “os pastores precisam entender que são
pastores. A igreja precisa estar próxima, mesmo que virtualmente”.
O
que podemos aprender?
Para Paes, é
preciso ler o momento com discernimento para entender o que há de positivo. “A
grande questão agora não é o que vamos fazer igual ao que já fazíamos, mas o
que vamos fazer diferente”, afirma.
“O mundo mudou e mudou para sempre”, salienta e aconselha que a
igreja “olhe para o futuro, não para o passado”. O pastor lembra que devemos
entender que a Palavra de Deus não mudou, mas que “nossas técnicas, formas de
fazer e métodos” precisarão ser reavaliados.
Paes compara o
momento a um “grande detox” em que a igreja repensará suas “estruturas e eventos”
e buscará mais agilidade para um grande “tempo de colheita espiritual”.
O
que se modificará?
“A igreja
continuará sendo igreja”, afirma, mas utiliza os reparos e limpeza de um navio
no estaleiro como analogia ao que está acontecendo. “A igreja está trabalhando
nesse sentido – de limpar as ‘cracas’, e seguir o seu caminho na perspectiva de
eliminar tudo aquilo que não é essencial”, compara.
O pastor
acredita que esse será um “processo natural” devido a “orçamentos e
prioridades” e que pequenos grupos, transmissão online e os ministérios de ação
social, evangelismo e missões sairão fortalecidos para esse novo tempo.
Estamos preparados?
“Para o pânico
ninguém está preparado”, lamenta. “Eu espero que o mundo não entre em pânico,
muito menos a igreja e o povo de Deus. Somos o povo da fé, temos a Palavra de
Deus e a oração”, enfatiza.
O pastor
orienta a troca da “ansiedade do que o coronavírus pode fazer” pela
“fé do que Deus irá fazer”. “Vamos ouvir mais Deus do que as vozes. Buscar mais
a face do que o face. Estar estáveis em um mundo em crise, porque, estamos em
Cristo”.
O teólogo
lembra que a Bíblia já predisse “o princípio das dores” e, por isso, precisamos
“ser voz de esperança e estabilidade”. “Nós já fomos avisados pela Palavra de
Deus. Não podemos entrar em pânico ou crise. Somos o povo da fé!”, ensina.
O que Deus está dizendo?
“Deus está nos
chamando para perto Dele”, afirma. Carlito pontua a intimidade, audição e o
discernimento como as três atitudes que precisamos ter nesse momento.
“Se o que está
acontecendo não pegou Deus e sua Palavra de surpresa, também não deve nos levar
ao medo! É tempo de reafirmar a fé que lemos e ouvimos, agora vivendo! Não
somos supridos pelas estruturas e sim pela fé!”, enfatiza.
“Depois que
tudo isso passar vão aparecer os ‘náufragos da fé’ e nós vamos precisar cuidar
de todas essas pessoas. Permanecer na fé, na esperança e no serviço ao próximo
deve ser nossa escola! No caos, Deus está abrindo janelas de oportunidades!
Vamos ver!”, conclui.
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