segunda-feira, 15 de maio de 2017

DICA DE SAÚDE DA SEMANA

O QUE É ESÔFAGO DE BARRETT?
           


Esôfago de Barrett consiste em uma doença onde ocorre uma espécie de mutação das células que revestem a porção inferior do esôfago. Há uma transformação do tipo epitelial (de escamoso para epitélio colunar), chamada de metaplasia. É um problema que ocorre com mais frequência em homens caucasianos, tendo uma incidência maior em tabagistas e etilistas. É provocado por uma agressão ao longo dos anos pelo refluxo gastroesofágico (o conteúdo ácido estomacal retorna ao esôfago). Devido ao fato do esôfago não ter um revestimento para resistir à ação desse ácido que retorna, há uma inflamação, levando à esofagite. Ao longo do tempo, isso transforma as células, tornando-as semelhantes às do estômago, resistindo melhor ao ácido. Essa modificação das células esofágicas é o que chamamos de esôfago de Barrett. Esse problema é encontrado em cerca de 10% das pessoas que sofrem de refluxo.
O esôfago de Barrett não causa sintomas específicos; na verdade, os sintomas apresentados são decorrentes do refluxo e da esofagite: sensação de azia ou queimação, desconforto na região torácica, dor estomacal, dor na garganta e sensação de entalo. Esses sintomas podem se apresentar durante a noite, levado à uma falta de ar com sensação de sufoco. Além desses, podem estar presentes sintomas como tosse, rouquidão e pigarro. O diagnóstico se dá pela endoscopia, pois ela sugere a alteração celular. A realização de uma biópsia geralmente é necessária para confirmação.
A evolução do esôfago de Barrett para um adenocarcinoma dependerá de fatores genéticos, além da agressão das células, progredindo nessa sequência: metaplasia intestinal, displasia de baixo grau, displasia de alto grau e adenocarcinoma. Um acompanhamento com endoscopia digestiva alta associado à várias biópsias, é de suma importância para avaliar a presença de displasia, assim como a progressão da doença, prevenindo dessa forma, complicações.
O tratamento medicamentoso nem sempre leva à regressão. Objetiva tratar o refluxo, aliviando os sintomas, prevenindo a piora do quadro. Além do uso de medicamentos, é necessária uma mudança no estilo de vida. Há casos que o médico pode indicar uma cirurgia de correção de hérnia de hiato ou para fortalecer o esfíncter inferior do esôfago, o que auxilia na redução do refluxo. Em casos mais graves, pode ser preciso uma remoção parcial ou total do esôfago, substituindo-o por um segmento do intestino ou modificando a localização do estômago.
É imprescindível que o paciente tenha uma mudança no estilo de vida para controle da doença. Deve-se começar com uma reeducação alimentar e controle do peso, realização de atividades físicas, evitando o tabagismo e o etilismo. É importante se alimentar com frequência, em menores quantidades, comendo devagar, além de evitar alimentos fritos, gordurosos e fermentativos (café, chocolate, condimentos...). Após o jantar, deve-se esperar pelo menos uma hora antes de dormir e não fazer nenhuma refeição três horas antes de deitar. Em casos de refluxo noturno, elevar a cabeceira da cama pode ajudar bastante. É possível prevenir o aparecimento do esôfago de Barrett através do tratamento adequado do refluxo e da esofagite, além de manter um estilo de vida saudável e com consultas médicas regulares.

Enfermeira Rebeca Revorêdo Sinedino



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