Casal testemunhas de Jeová abandona filha de 11 dias por medo de religião
O medo da repressão religiosa fez
o casal de testemunhas de Jeová Antônio Querino dos Santos, 32, e Claudete dos
Santos, 23, abandonar a filha, Daiane, de 11 dias de vida, na madrugada de
sábado.
O bebê foi deixado dentro de uma banheira
infantil em frente à casa de Jamil Naief, também testemunha de Jeová, em
Guarulhos. Naief, que já foi chefe da comunidade religiosa da cidade, disse que
conhecia Querino das reuniões.
O casal foi preso cerca de uma hora depois de
abandonar a filha. O carro, um Passat verde, foi localizado através da placa,
anotada por um vizinho.
Junto da criança havia um bilhete dizendo que
ela estava sendo abandonada por dificuldades financeiras dos pais e por medo da
perseguição religiosa.
Na delegacia, Claudete chorava muito e disse
querer a filha de volta. Ela ficou grávida antes de seu casamento, que teria
acontecido em dezembro, segundo o cunhado de Querino, José Garbosa.
A sua religião condena relações sexuais antes do
casamento, por “violar as leis de Deus”.
Para esconder a gravidez, o casal teria viajado
para Sete Quedas (MS), onde teriam se casado. Quando voltaram, foram recebidos
com festa no salão do Reino de Jeová que Querino frequentava.
“Não notamos nada, até porque não conhecíamos a
Claudete antes. Não percebemos que ela estava grávida”, disse Renato Silva, um
dos ministros do salão.
Silva afirma estranhar a atitude do casal.
Segundo ele, a religião não reprime nem discrimina quem comete esse tipo de
“pecado”.
“O que faríamos é aconselhá-los a se casar. Mas
se já haviam feito isso, não há razão para medo. Não expulsamos ninguém. Só se
desliga da religião quem quer.”
Garbosa diz que os problemas financeiros não
eram justificativa. “Podíamos ficar com a menina.”
Por enquanto, Daiane está com o casal Flávio e
Maria da Penha de Oliveira, vizinhos da casa de Jamil Naief, que ficarão com a
guarda provisória do bebê.
Pelo Código Penal, o casal pode ser processado
por abandono de recém-nascido para “ocultar desonra própria”. A pena é de 6
meses a 2 anos de prisão.
Procurados ontem em sua casa, eles não foram
encontrados.
Fonte:
Folha de São Paulo
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